O2Cast é o podcast da O2 Filmes e traz toda semana convidados para debater assuntos ligados à produção audiovisual.

A convidada do O2Cast é Graciela Guarani, brasileira indígena pertencente á nação Guarani Kaiowá, diretora, cineasta, curadora de cinema e professora, uma das pioneiras em produções originais audiovisuais, que dirigiu com Guilherme Bolliger o premiado longa Meu Sangue é Vermelho, disponível na plataforma Amazon Prime. É um documentário musical, com cenas fortes e sensíveis, que acompanha Werá, jovem rapper indígena (da etnia Mbyá Guarani, aldeia Krukutu) que tenta entender a violência contra seu povo, com imagens que não são vistas na maioria das produções. As letras de Werá expressam raiva e tristeza.

O filme, lançado em 2020, é uma produção inglesa da Needs Must Film, que agregou vários profissionais apresentando como o país trata a questão dos direitos dos povos originários e teve a participação do musico Criolo que fortaleceu o trabalho do jovem Werá. 

A diretora conta de suas origens no território indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul, seu aprendizado da importância e poder das imagens e o valor das narrativas elaboradas pelos indígenas que podem alterar a visão errônea da sociedade brasileira sobre os povos originários. Ela comenta sobre as dificuldades de acesso à realização de obras de ações indígenas independentes, abordando a burocracia e a necessidade de dinamizar o papel do cinema e permitir a construção de perspectivas diversas que podem alterar o comportamento da população. Aborda também a necessidade de incentivo ao transito cultural entre os realizadores indígenas. Relembra que a maioria dos filmes sobre os indígenas são projetos etnográficos, que enfocam o exótico e que seu povo tem “outros rolês, muito a contribuir, estamos trilhando, mas é difícil”.

Na conversa conduzida por Tais Okamura, pesquisadora independente do Departamento de pré-produção da O2, Graciela fala de seus filmes que abordam suas vivencias, a pressão machista que adentrou dentro de seus territórios, o papel de resistência da mulher indígena e as questões ambientais. Fala de suas produções: Nossa Alma Não Tem Cor [2019], Opará [2019], Mba`eicha Nhande Rekova`erã – Mensageiro do Futuro [2018], Tempo Circular [2016], Pankararu – Mão de Barro [2016]. A diretora fala de novos projetos com narrativa mais fantástica, usando o mundo magico e fantástico de sua cultura e discutindo o futuro.

Ainda sobre Meu Sangue é Vermelho, Graciela Guarani compartilhou que a construção foi coletiva, que a viagem durante as filmagens trouxe alguns sustos, que os relatos foram muito fortes, que o jovem Werá é protagonista mensageiro muito consciente e que houve colaboração de vários outros produtores. Ela cita obras e produções de outros cineastas indígenas que precisam ser assistidas para que possamos ter uma sociedade mais esclarecida sobre estas questões.

A mensagem final da diretora para os ouvintes é uma provocação e um convite: ela acredita que há espaço para todos no Brasil, aposta nos talentos dos indígenas, lembra que é necessário respeito à diversidade na literatura, no cinema, na musica e na vida. Fala do colapso ambiental, enfatiza que o planeta tem seus limites e que há necessidade da contribuição de todos para um planeta limpo sem desperdícios.

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